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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Mais sobre a 25ª EVQFM

   Nesta 25ª edição da Escola de Verão em Química Farmacêutica Medicinal (EVQFM; 2019), tivemos 115 inscritos, com vários representantes de vários estados do País. Participaram também, profissionais brasileiros e do Peru e Uruguai. Entendo que foi uma edição de sucesso com palestras/conferências bastante instigantes de profundo teor científico, com exceção daquela que me coube fazer sobre os 25 anos da EVQFM. Lembro-lhes que todas as conferências e cursos estarão no site http://www.evqfm.com.br/xxv_evqfm/ logo, logo! Confiram!
   Não vou repetir-lhes o que poderão conferir no site sobre o dia a dia da Escola, no diário divulgado na página. Estou interessado em compartilhar a experiência do curso “Grupos Funcionais em Química Medicinal” que ofereci nos dois últimos dias desta 25ª EVQFM
Primeiro sobre a motivação! Parece-me que temos um hiato entre a visão que a Química Orgânica nos dá pelo ensino dos grupos funcionais (GF´s), de forma compartimentada, seguindo uma cronologia que se inicia pelos hidrocarbonetos, seguindo pelos produtos de oxidação, os álcoois e depois dos haletos de alquila, chegando às carbonilas cetônicas e aldeídicas para depois ingressar nos ácidos carboxílicos, seus cloretos, amidas e por ai vai! E a visão que necessitamos na Química Medicinal, onde as moléculas em geral são, em sua enorme maioria, polifuncionalizadas, com “algumas preferências” por certos GF´s, visto a abundância de sistemas heterocíclicos, em grande parte nitrogenados, em muitas das moléculas dos fármacos. Não pensem que são mononitrogenados apenas, não! Muitos são multi-nitrogenados e policíclicos...., não raramente com mais de dois heteroátomos em suas moléculas..., há quem afirme que mais do que 80% das moléculas dos fármacos possuem pelo menos um sistema cíclico e que em sua absoluta maioria, são aromáticos! Se quiserem comprovar, comparem as estruturas químicas abaixo dos seguintes fármacos: aciclovir, propranolol, captopril, ciprofloxacina, fluoxetina, celecoxibe, para citar apenas estes. No minicurso usei 11 fármacos de grande importância terapêutica, como estes seis, para ilustrar a predominância de anéis aromáticos nestas moléculas! Em seis fármacos temos 14 anéis, apenas um não aromático!!!!


Até aqui não se justifica as visões distintas entre como a Química Orgânica (QO) vislumbra os seus grupos funcionais e como a Química Medicinal o faz! O que permite olhares distintos é o estudo das propriedades e reatividades. Na ótica da QO estes fatores são primordiais e os estuda com maestria, função por função! Na Química Medicinal não há como fazê-lo função por função, visto a natureza polifuncionalizada dos fármacos. Aí reside a diferença de olhares que a ideia do minicurso procurou abordar. Claro que partindo da dicotomia entre reatividade e propriedades... Hoje em dia o Químico Medicinal aprendeu a valorizar também a relação entre as estruturas polifuncionalizadas de suas “pequenas moléculas” e as propriedades químicas (RSP), além da classicamente estudada relação entre estrutura e a atividade (REA)!!!

Pois foi neste espaço que fiz o minicurso! Devo dizer, que foi muito interessante e divertido prepara-lo. Muita leitura e estudo, para encontrar os exemplos certos que poderiam motivar a audiência, sempre muito heterogênea como  são geralmente nas EVQFM´s. No fundo, tudo não passou de um tempero entre propriedades químicas, reatividade e atividade biológica, passando, um pouco, por metabolismo e interações moleculares, do que resulta o perfil de interesses do estudo da Química Medicinal.

O curso em suas duas partes vai estar também em pdf na página da 25ª EVQFM, muito em breve! Confiram.

          Obrigado por lerem.

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