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sábado, 3 de novembro de 2018

Funções & isótopos...


Nesta nova postagem, seguindo fiel à linha proposta de ilustrar o espaço químico que os grupos funcionais ocupam nas estruturas dos fármacos, identifiquei alguns aspectos interessantes em postagens anteriores, que vou citar.   

Na postagem de 01 de junho de 2017, intitulada “Os elementos químicos e os fármacos: o boro” exemplifiquei alguns fármacos com o elemento químico boro (B). Esclareço isso porque, considerando que são poucos os fármacos que possuem este elemento, seria interessante agora, identificar os grupos funcionais em que participam, ampliando o espaço químico dos fármacos. Na trilha dos elementos químicos “exóticos”, presentes nas estruturas químicas dos fármacos, dediquei numa outra postagem, de 01 de junho de 2017, o elemento deutério (“Novo fármaco deuterado”). Lá, tratei do primeiro fármaco com este elemento, aprovado pelo FDA (agência regulatória norte-americana). De lá para cá, não identifiquei na literatura, nenhuma menção a existência de exemplos de fármacos ou candidatos com estes dois elementos “exóticos”, numa mesma estrutura química. Fica registrada então, esta dica de possível inovação estrutural... Ressalto que não afirmei que não existe, mas que ignoro a existência... 

Se entre aqueles fármacos com B, encontramos a função ácido borônico (-B(OH)2) ou oxaborolas/benzoxaborolas (Figura abaixo), entre aqueles contendo deutério, não temos uma nomenclatura específica (deuterados?).
Estes últimos, contendo D, começaram a surgir em estratégias reposicionamento de fármacos (drug repositioning), explorando o efeito isotópico que a troca de H por D promove. Este efeito se manifesta principalmente, nas etapas de oxidação metabólica, pois devido a maior energia da ligação C-D X C-H, a velocidade da ação do complexo oxidativo CYP450 se reduz e, em consequência, a vida-média dos fármacos isotópicos são prolongadas viz-à-viz os análogos não deuterados.

Um exemplo deste efeito de aumento da vida-média de um fármaco deuterado (além daquele incluído na postagem inicial mencionada acima) está representado pelo análogo deuterado do fármaco sedativo indiplon, agonista alostérico dos receptores GABAA cujo análogo com D3 tem a vida-média dobrada.

 Este efeito se observa também nos D-análogos: D15-atazanavir, D9-venlafaxina e D4-paroxetine.
Muito obrigado por lerem.