Nesta
nova postagem, seguindo fiel à linha proposta de ilustrar o espaço químico que
os grupos funcionais ocupam nas estruturas dos fármacos, identifiquei alguns aspectos
interessantes em postagens anteriores, que vou citar.
Na
postagem de 01 de junho de 2017, intitulada “Os elementos químicos e os fármacos: o boro” exemplifiquei alguns
fármacos com o elemento químico boro (B). Esclareço isso porque, considerando
que são poucos os fármacos que possuem este elemento, seria interessante agora,
identificar os grupos funcionais em que participam, ampliando o espaço químico
dos fármacos. Na trilha dos elementos químicos “exóticos”, presentes nas
estruturas químicas dos fármacos, dediquei numa outra postagem, de 01 de junho
de 2017, o elemento deutério (“Novo fármaco deuterado”). Lá, tratei do primeiro
fármaco com este elemento, aprovado pelo FDA (agência regulatória
norte-americana). De lá para cá, não identifiquei na literatura, nenhuma menção
a existência de exemplos de fármacos ou candidatos com estes dois elementos
“exóticos”, numa mesma estrutura química. Fica registrada então, esta dica de
possível inovação estrutural... Ressalto que não afirmei que não existe, mas
que ignoro a existência...
Se
entre aqueles fármacos com B, encontramos a função ácido borônico (-B(OH)2)
ou oxaborolas/benzoxaborolas (Figura abaixo), entre aqueles contendo deutério,
não temos uma nomenclatura específica (deuterados?).
Estes
últimos, contendo D, começaram a surgir em estratégias reposicionamento de
fármacos (drug repositioning),
explorando o efeito isotópico que a troca de H por D promove. Este efeito se
manifesta principalmente, nas etapas de oxidação metabólica, pois devido a
maior energia da ligação C-D X C-H, a velocidade da ação do complexo oxidativo
CYP450 se reduz e, em consequência, a vida-média dos fármacos isotópicos são
prolongadas viz-à-viz os análogos não
deuterados.
Um exemplo deste efeito de aumento da vida-média
de um fármaco deuterado (além daquele incluído na postagem inicial mencionada
acima) está representado pelo análogo deuterado do fármaco sedativo indiplon, agonista
alostérico dos receptores GABAA cujo análogo com D3 tem a
vida-média dobrada.
Este
efeito se observa também nos D-análogos: D15-atazanavir, D9-venlafaxina
e D4-paroxetine.
Muito obrigado por lerem.