Sua presença na estrutura química de pró-fármacos (e.g. irinotecano) já indica que é uma
função lábil, dependendo da natureza de seus substituintes.
O irinotecano é um carbamato sintético produzido
com o nome fantasia CamptosarR como o cloridrato de irinotecano
triidratado. Foi inspirado no produto natural camptotecina, alcaloide
quinolínico isolado e identificado por Monroe Wall e Mansukh C. Wan,
pesquisadores do Research Triangle Institute na Carolina do Norte, USA. O
irinotecano é um pró-fármaco que sob ação da carboxiesterase-2 (CES-2), produz
o derivado ativo inibidor de topoisomerase-1, com indicações para o controle do
câncer colorretal, conforme ilustra a figura a seguir.
A estrutura química dos carbamatos evidência a possibilidade de termos
formas tautoméricas e conformêros, que podem
ter relevância significativa no reconhecimento molecular pelos
biorreceptores. Ambas podem orientar de forma decisiva os pontos farmacofóricos
envolvidos em interações de hidrogênio com sítios de eventuais biorreceptores.
A figura abaixo ilustra isto.
O tautômero a, predominante,
difere de b pela alteração do ponto
farmacofórico aceptor-H de hibridação sp2, representado pela
carbonila amídica que está ausente no tautômero b. No que se refere aos confôrmeros anti e syn, vê-se que a
posição do doador-H tem alteração marcante, ficando do mesmo lado na
conformação syn e em lados opostos na
anti. Este equilíbrio conformacional
é decisivo para a existência de formas diméricas, possíveis para o confôrmero syn, como visto na figura a seguir.
Inúmeros fármacos possuem função carbamato: mitomycin C (1950), mebendazole (1971), cefoxitina
(1972), albendazole (1975), linelozido (1978), docetaxel (1995), zafirlucast
(1996), ritonavir (1996), amprenavir (1999), irinotecano (1996), rivastigmina
(1997), efavirenz (1998), atazanavir (2003), darunavir (2006), brecanavir
(2006), etinostat (2013), ledipasvir (2014) e daclatasvir (2015), entre outros.
No próximo post veremos per-se
alguns dos fármacos citados.
Obrigado por lerem.