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segunda-feira, 23 de abril de 2018

As presenças funcionais inesperadas nas estruturas dos fármacos...

A “linguagem” principal da Química são as estruturas químicas. Na Química Medicinal não é diferente, visto que são as propriedades químicas das substâncias, deduzidas a partir das estruturas das moléculas, que definem sua atividade. Assim é que a relação entre as propriedades químicas, as estruturas e a atividade farmacológica se constroem.
Sempre entendi que é a compreensão da relação entre as estruturas químicas e suas atividades farmacológicas, poderiam ser entendidas a partir do reconhecimento, identificação ou determinação de suas propriedades químicas. Desta forma, e somente assim, poder-se-ia dizer que se conhecia as “razões moleculares da ação dos fármacos”.
Focando nas estruturas químicas, o reconhecimento de suas propriedades químicas se inicia pela identificação do “caráter” químico daquela tal molécula. Daí se torna necessário “ler-se” o alfabeto dos grupos funcionais presentes nas moléculas bioativas, especialmente nos fármacos. A partir dos grupos funcionais e de seu conhecimento, pode-se  construir a relação entre estrutura química propriedade-atividade. Nesta minha introdução, estou tentando firmar o princípio de que o conhecimento da química orgânica dos grupos funcionais é essencial nesta tarefa de compreender a relação entre estrutura química propriedade-atividade.
Quais são os grupos funcionais (GF´s) que predominam nas moléculas dos fármacos? Haveria uma predominância? Como interpretá-la, se houver?
São os anéis aromáticos, a funcionalidade predominante nas moléculas dos fármacos. Alguns autores já se debruçaram sobre isso. Dentre estes, os heterociclos ganham. Aí não é mais uma tarefa simples hierarquiza-los entre aqueles com N, O e S. Ciclos com outros elementos presentes existem, mas não aromáticos (e.g. ciclofosfamida). São raros os fármacos sem anéis. Menos raros, mas pouco comuns, são aqueles que possuem anéis que não são aromáticos (e.g. captopril). Se passarmos à sequência dos GF´s dos livros-textos de Química Orgânica, identificaremos suas presenças nas inúmeras moléculas de fármaos. Alcanos (-CH2-, -CH3), cicloalcanos, alcenos (-CH=CH-), alcinos (-CC-), aromáticos, álcoois, haletos, éteres, aminas, cetonas, ácidos carboxílicos, ésteres, amidas, nitrilas, sulfonamidas, carbamatos, sulfamatos, éteres de oximas.
Dentre esta sequência, escrita de memória, brevemente, podemos notar algumas lacunas, comparamdo-se com os GF´s presentes nos livros-textos mencionados. Cito alguns:  aldeídos, epóxidos, enonas, alenos, iminas, anidridos, endoperóxidos, cetais, ureídas, acetais. São raras suas presenças nas moléculas dos fármacos, devido à reatividade química que possuem, seja em condições ambientes ou in vivo. Refiro-me aqui, aos aspectos das estabilidades metabólicas, especialmente no que tange ao sistema oxidativo do retículo endoplástico hepático.
Este post vai ficando por aqui, como uma “entrada” do que virá no “prato principal” seguinte, como que antecipando uma série próxima que tratará de moléculas de alguns fármacos com GF´s inesperados em suas estruturas químicas!
Aguardem.
Obrigado por lerem!