Espero que curtam a entrevista feita por ela como Dr János Fischer, Diretor do Sub-Committee de Drug Discovery and Development da IUPAC quem esteve por aqui durante a XXI EVQFM.
Autor de renomados livros na área de Química Medicinal
e pesquisador responsável pela Gedeon Richter Chemical Co, em Budapeste, Hungria, o Prof.
Dr. Janos Fischer é
diretor do Subcomitê de Descoberta e Desenvolvimento de Fármacos da Divisão
de Química e Saúde Humana da IUPAC (International Union of Pure and Applied
Chemistry).
O
cientista, que esteve
presente, em 2005, na XI Escola de Verão em Química Farmacêutica Medicinal
(EVQFM) apresentando o primeiro ano do curso “Highlights in Medicinal Chemistry” retorna agora, após 10 anos,
na coordenação do curso, que nesta 21 edição do evento foi ministrado por 6
cientistas membros da IUPAC.
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Foto:
Guilherme Flores
Janos Fisher (IUPAC)
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Na XXI Escola de Verão, o Dr. Janos Fischer apresentou a conferência “Serendipitious Target-based Drug Discoveries”, fornecendo exemplos de importantes medicamentos descobertos “quase que por acaso”, ao longo dos últimos 50 anos.
Na entrevista a seguir, Janos Fisher fala sobre a razão da escolha do tema para a conferencia e a importância do termo “Serendipity” para a descoberta de novos fármacos, além de responder porquê a IUPAC escolheu a Escola de Verão (EVQFM) para ministrar o seu “short course” na América do Sul.
Entrevista Prof. Dr. Janos Fisher (IUPAC)
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Por
que escolheu esse tema “Serendipity”
para sua conferência na XXI
Escola de Verão?
Janos Fisher (IUPAC): É uma boa pergunta!Essa é a principal
diferença entre a pesquisa científica e o desenvolvimento tecnológico. Nós
temos que estar preparados para o inesperado (“Serendipity”) já que toda
molécula projetada é cheia de eventos inesperados que podem influenciar todo o
trabalho de forma positiva. Isso é Serendipity! É um termo
complicado, mas acho que muito útil para este tipo de atividade de pesquisa cientifica.
Acho que é um dos pontos mais atraentes na pesquisa, pois para Serendipity
acontecer, o que naturalmente precisa de
trabalho lógico e reflexão, é necessário estar com a mente preparada para um
evento inesperado.
Para você, qual é a melhor definição
de “Serendipity”?
Janos Fisher (IUPAC): Se eu simplificar esta é uma
oportunidade de descoberta, mas Serendipity
não é necessariamente apenas uma descoberta. Pode ser um evento ilógico,
por exemplo, o paracetamol (acetaminofeno) é um
agente analgésico que foi descoberto por acaso quando usaram por engano a acetanilida ,ao invés
de naftalina (naftaleno) para pesquisar
atividade analgésicas. Não foi uma questão lógica, proposital, mas no final um
fármaco muito útil foi descoberto. Isso é Serendipity! Os cientistas devem estar preparados. Acho que essa chance de descoberta
é muito útil para o nosso trabalho. Mas, naturalmente, precisa de uma pessoa que
seja capaz de reconhecer os eventos inesperados, que podem ser úteis para seu
trabalho no laboratório.
Você tem algum
exemplo de “Serendipity” ao longo de
sua carreira?
Janos Fisher (IUPAC): Aconteceu quando eu
era estudante. Os alunos geralmente não
têm dinheiro suficiente para se manter, e foi “Serendipity”
quando apareceu um professor de uma universidade recrutando pessoas para uma
empresa farmacêutica. Recebi uma bolsa
de estudos de uma empresa no meu tempo de estudante. Foi bom para mim, porque
eu pude sustentar a minha vida como um estudante. Foi “Serendipity” pois eu não estava esperando por isso!
Qual é a diferença
entre a Escola de Verão (EVQFM) há 10 anos e agora?
Janos Fisher (IUPAC): É muito bom ver na
UFRJ um novo campus, há 10 anos este edifício não existia. Foi uma surpresa para mim e espero que os
estudantes aproveitem essa novas instalações
[Bloco N/CCS/UFRJ]. Antes éramos um grupo pequeno, a turma do
“Highlights” era pequena, agora a Escola de Verão cresceu, as conferencias são
em um auditório grande.
Por que o Subcomitê
de Descoberta e Desenvolvimento de Fármacos da IUPAC optou por retornar a
Escola de Verão e realizar a sua reunião novamente no Rio de Janeiro ?
Janos Fisher (IUPAC): Foi há 10 anos o
resultado do bom contato entre o Prof. Eliezer
Barreiro e Robin Ganellin, o inventor de cimetidina. Quando eles organizaram
a primeira reunião no Rio de Janeiro,
gostamos muito da experiência na Escola
de Verão. Como já tínhamos contactado o Prof.
Eliezer anteriormente e a IUPAC tem a tarefa
de colaborar para o desenvolvimento da Química Medicinal em todo o
mundo, iremos dar um curso na Índia, no próximo mês,
por exemplo, decidimos retornar e ministrar esse curso da IUPAC na Escola de
Verão que é de curta duração. Nós ficamos muito felizes de termos vindo, foi muito agradável, com pessoas muito gentis,
com certeza todos terão enorme prazer em voltar.
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