A aproximação de um novo ano sempre nos leva a rever as metas previstas e avaliá-las quanto à sua exequibilidade. Muitos de nós – e eu me incluo – fazem promessinhas e promessas. As primeiras apenas para figuração e as últimas para valer! Curiosamente, as primeiras, sempre, são mais numerosas do que as últimas, assim como as contusões durante uma partida de futebol, da Copa ou não, sempre doem mais nos jogadores com vantagem no placar! Comigo a aproximação da virada do ano sempre me leva a pensar que mais uma edição da Escola de Verão em Química Farmacêutica Medicinal se aproxima. Chegaremos, em 2023, à 29ª edição ininterruptas com o formato clássico das edições presenciais mantido, adotando-se uma versão híbrida com atividades presenciais e remotas em algumas poucas atividades, de forma a facilitar a participação de pessoas que por motivos de saúde, por exemplo, tenham restrições de mobilidade ou que sejam muito vulneráveis em condições de convívio aglomerado, face a situação de contágio pela cepa do vírus transmissor da Covid-19.
Nesta 29ª edição, infelizmente, não ministrarei nenhum minicurso
inédito, como tenho feito nas mais recentes edições: e.g. Desenho de fármacos
baseado em fragmentos moleculares; Bioisosterismo; Grupos funcionais e o
desenho de fármacos; A importância dos produtos naturais para a Química
Medicinal, entre outros.
A Figura abaixo ilustra um dos paradigmas vigentes na Química
Medicinal, dentre eles a importância da etapa de otimização molecular
de um novo composto hit, que evolui a um novo ligante por meio de
bioensaios de validação (e.g. binding), seguido de avaliação in vivo ou
em modelos fenotípicos capazes de confirmarem seu potencial terapêutico efetivo
e a ausência de propriedades tóxicas.
Uma vez identificado um ligante
do alvo terapêutico eleito, a etapa subsequente consistirá na introdução de
novas modificações moleculares racionais, planejadas para otimizarem-se as
propriedades e afinidade molecular, a partir da construção de uma série
congênere de compostos, que permita a compreensão da relação estrutura química
e atividade (SAR), assim como as distintas contribuições farmacofóricas
envolvidas no reconhecimento molecular pelo alvo. Neste momento, um novo ciclo
de bioensaios se iniciará. Os derivados que não apresentarem melhor afinidade pelo
alvo, após estas modificações moleculares, poderão ser uteis como padrões comparativos
negativos no entendimento da SAR. A figura também inclui um caminho envolvendo
ensaios in vitro e in sílico do eventual potencial cardiotóxico, a partir da determinação
da afinidade ou sua predição pelos canais hERG (do inglês: human Ether-à-go-go-Related Gene).
Espero ter trazido nesta
postagem, uma visão sobre a hierarquia da terminologia rotineiramente empregada
nos distintos estágios de otimização de hit a ligante (H2L) e
de ligante ao composto-protótipo de novo fármaco (L2L).
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