Muitas pessoas com autismo enfrentam
dificuldades em entender os sinais sociais e as expressões faciais, provocando
imensas dificuldades para com as interações sociais interpessoais, afetando
gravemente sua qualidade de vida.
Os tratamentos atuais para o
autismo se concentram apenas em melhorar o humor, porque tentativas de atenuar
os problemas das interações sociais, levaram à irritabilidade e a depressão em
muitos pacientes. O arsenal terapêutico contemporâneo não tem soluções
farmacológicas eficazes para tratar ou mesmo modular a principal característica
central do autismo, ou seja: os déficits sociais.
Pesquisadores do Centro de Inovação
da F-Hoffmann-LaRoche AG, na Basiléia, Suiça, identificaram um novo derivado tricíclico
da classe diidro-[1,2,4]triazolo[4,3-a][1,4]benzodiazepínico, denominado
balovaptano. Esta pequena molécula, incluída no pipeline da Roche desde 2014, atua
como antagonista de receptores 1A de vasopressina (V1A) no SNC e
mostrou-se efetiva e segura, cumprindo com sucesso os ensaios de fase
pré-clínica.
Chegando à Fase II dos ensaios
clínicos, a substância apresentou efeitos positivos no comportamento social de
homens adultos com autismo, o que confirmou sua eficácia (Sci Transl. Med.
2019, 11; DOI: 10.1126/scitranslmed.aat7838). Segundo os pesquisadores da
Roche, liderados pelo neurocientista português Paulo Fontoura (Head of
Tanslational Medicine for Neuroscience and Rare Diseases), o maior desafio do
projeto foi identificar uma molécula seletiva para V1A, sem efeitos acentuados
em receptores renais, do sub-tipo V2. Nos ensaios clínicos de Fase
II, 223 homens em seis centros distintos dos EUA, receberam por via oral, placebo
ou dose de balovaptano variando de 1,5 a 10 mg, uma vez ao dia, por 12 semanas.
Os pesquisadores observaram modificações nos resultados obtidos com o teste
Vineland-II – teste classificatório utilizado para avaliar o comportamento
adaptativo das pessoas - quanto as habilidades de comunicação interpessoal da
vida diária, o que fará do balavaptano o primeiro fármaco para esta indicação
terapêutica, podendo representar significativo aumento na expectativa de
controle de um dos mais comprometedores sintomas do autismo (Sci. Transl.
Med. 2019, 11; DOI: 10.1126/scitranslmed.aau7356). Os efeitos do
balovaptano em crianças com autismo, ainda estão sendo investigados.
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