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terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Entrevista com Prof. Dr. János Fischer (IUPAC), por Lúcia B. Torrres (Serendipity Comunicações)

Este post é uma matéria produzida na XXI Escola de Verão em Química Farmacêutica Medicinal pela jornalista Lúcia Beatriz Torres da Serendipity Comunicações e fotos de Guilherme Flores.
Espero que curtam a entrevista feita por ela como Dr János Fischer, Diretor do Sub-Committee de Drug Discovery and Development da IUPAC quem esteve por aqui durante a XXI EVQFM.
 

Autor de renomados livros na área de Química Medicinal e  pesquisador responsável pela Gedeon Richter Chemical Co, em Budapeste, Hungria,  o Prof. Dr. Janos Fischer é diretor do Subcomitê de Descoberta e Desenvolvimento de Fármacos da Divisão de Química e Saúde Humana da IUPAC (International Union of Pure and Applied Chemistry).

O cientista, que esteve presente, em 2005, na XI Escola de Verão em Química Farmacêutica Medicinal (EVQFM) apresentando o primeiro ano do curso “Highlights in Medicinal Chemistry” retorna agora, após 10 anos, na coordenação do curso, que nesta 21 edição do evento foi ministrado por 6 cientistas membros da IUPAC.

 

  Foto: Guilherme Flores



Janos Fisher (IUPAC)

Na XXI Escola de Verão, o  Dr. Janos Fischer apresentou a conferência “Serendipitious Target-based Drug Discoveries”, fornecendo exemplos de importantes medicamentos descobertos “quase que por acaso”, ao longo dos últimos 50 anos.
Na entrevista  a seguir, Janos Fisher fala sobre a razão da escolha do tema para a conferencia e a importância do termo “Serendipity”  para a descoberta de novos fármacos, além de responder porquê a IUPAC escolheu a Escola de Verão (EVQFM) para ministrar o seu “short course” na América do Sul.

Entrevista Prof. Dr. Janos Fisher (IUPAC)



Por que escolheu esse tema “Serendipity” para sua conferência na XXI

 Escola de Verão?
 
Janos Fisher (IUPAC): É uma boa pergunta!Essa é a principal diferença entre a pesquisa científica e o desenvolvimento tecnológico. Nós temos que estar preparados para o inesperado (“Serendipity”) já que toda molécula projetada é cheia de eventos inesperados que podem influenciar todo o trabalho de forma positiva. Isso é Serendipity! É um termo complicado, mas acho que muito útil para este tipo de atividade de pesquisa cientifica. Acho que é um dos pontos mais atraentes na pesquisa, pois para Serendipity acontecer,  o que naturalmente precisa de trabalho lógico e reflexão, é necessário estar com a mente preparada para um evento inesperado.
Para você, qual é a melhor definição de “Serendipity”?

Janos Fisher (IUPAC): Se eu simplificar esta é uma oportunidade de descoberta, mas Serendipity não é necessariamente apenas uma descoberta. Pode ser um evento ilógico, por exemplo, o paracetamol (acetaminofeno) é um  agente analgésico que foi descoberto por acaso quando  usaram por engano a acetanilida ,ao invés de  naftalina (naftaleno) para pesquisar atividade analgésicas. Não foi uma questão lógica, proposital, mas no final um fármaco muito útil foi descoberto. Isso é Serendipity! Os cientistas devem estar preparados. Acho que essa chance de descoberta é muito útil para o nosso trabalho. Mas, naturalmente, precisa de uma pessoa que seja capaz de reconhecer os eventos inesperados, que podem ser úteis para seu trabalho no laboratório.
 
Você tem algum exemplo de “Serendipity” ao longo de sua carreira?
 
Janos Fisher (IUPAC): Aconteceu quando eu era estudante.  Os alunos geralmente não têm dinheiro suficiente para se manter,  e foi “Serendipity” quando apareceu um professor de uma universidade recrutando pessoas para uma empresa farmacêutica.  Recebi uma bolsa de estudos de uma empresa no meu tempo de estudante. Foi bom para mim, porque eu pude sustentar a minha vida como um estudante. Foi “Serendipity” pois eu não estava esperando por isso!
 
Qual é a diferença entre a Escola de Verão (EVQFM) há 10 anos e agora?
 
Janos Fisher (IUPAC): É muito bom ver na UFRJ um novo campus, há 10 anos este edifício não existia.  Foi uma surpresa para mim e espero que os estudantes aproveitem essa novas instalações  [Bloco N/CCS/UFRJ]. Antes éramos um grupo pequeno, a turma do “Highlights” era pequena, agora a Escola de Verão cresceu, as conferencias são em um auditório grande.
 
Por que o Subcomitê de Descoberta e Desenvolvimento de Fármacos da IUPAC optou por retornar a Escola de Verão e realizar a sua reunião novamente no Rio de Janeiro ?
 
Janos Fisher (IUPAC): Foi há 10 anos o resultado do bom contato entre o Prof.  Eliezer Barreiro e Robin Ganellin, o inventor de cimetidina. Quando eles organizaram a  primeira reunião no Rio de Janeiro, gostamos muito da experiência na  Escola de Verão. Como já tínhamos contactado o Prof.  Eliezer anteriormente e a IUPAC  tem a tarefa  de colaborar para o desenvolvimento da Química Medicinal em todo o mundo,   iremos dar um curso na Índia, no próximo mês, por exemplo, decidimos retornar e ministrar esse curso da IUPAC na Escola de Verão que é de curta duração. Nós  ficamos muito felizes  de termos vindo,  foi muito agradável, com pessoas muito gentis, com certeza todos terão enorme prazer em voltar.