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segunda-feira, 22 de julho de 2019

Uma nova pequena molécula para o autismo

    
     Muitas pessoas com autismo enfrentam dificuldades em entender os sinais sociais e as expressões faciais, provocando imensas dificuldades para com as interações sociais interpessoais, afetando gravemente sua qualidade de vida.
      Os tratamentos atuais para o autismo se concentram apenas em melhorar o humor, porque tentativas de atenuar os problemas das interações sociais, levaram à irritabilidade e a depressão em muitos pacientes. O arsenal terapêutico contemporâneo não tem soluções farmacológicas eficazes para tratar ou mesmo modular a principal característica central do autismo, ou seja: os déficits sociais.
     Pesquisadores do Centro de Inovação da F-Hoffmann-LaRoche AG, na Basiléia, Suiça, identificaram um novo derivado tricíclico da classe diidro-[1,2,4]triazolo[4,3-a][1,4]benzodiazepínico, denominado balovaptano. Esta pequena molécula, incluída no pipeline da Roche desde 2014, atua como antagonista de receptores 1A de vasopressina (V1A) no SNC e mostrou-se efetiva e segura, cumprindo com sucesso os ensaios de fase pré-clínica.
      Chegando à Fase II dos ensaios clínicos, a substância apresentou efeitos positivos no comportamento social de homens adultos com autismo, o que confirmou sua eficácia (Sci Transl. Med. 2019, 11; DOI: 10.1126/scitranslmed.aat7838). Segundo os pesquisadores da Roche, liderados pelo neurocientista português Paulo Fontoura (Head of Tanslational Medicine for Neuroscience and Rare Diseases), o maior desafio do projeto foi identificar uma molécula seletiva para V1A, sem efeitos acentuados em receptores renais, do sub-tipo V2. Nos ensaios clínicos de Fase II, 223 homens em seis centros distintos dos EUA, receberam por via oral, placebo ou dose de balovaptano variando de 1,5 a 10 mg, uma vez ao dia, por 12 semanas. Os pesquisadores observaram modificações nos resultados obtidos com o teste Vineland-II – teste classificatório utilizado para avaliar o comportamento adaptativo das pessoas - quanto as habilidades de comunicação interpessoal da vida diária, o que fará do balavaptano o primeiro fármaco para esta indicação terapêutica, podendo representar significativo aumento na expectativa de controle de um dos mais comprometedores sintomas do autismo (Sci. Transl. Med. 2019, 11; DOI: 10.1126/scitranslmed.aau7356). Os efeitos do balovaptano em crianças com autismo, ainda estão sendo investigados.

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quarta-feira, 17 de julho de 2019

Um novo tipo de isomeria conformacional


Isomerismo é um conceito fundamental em Química, com impacto significativo na Química Medicinal.
           A isomeria traduz o efeito que um arranjo de átomos em uma dada molécula, pode ter sobre suas propriedades químicas e físicas. Em meados de 2018, precisamente em um paper datado de maio, publicado na Nature Chemistry (volume 10, pp. 615–624; DOI: 10.1038/s41557-018-0043-6) e assinado por Jeffrey R. Reimers, Universidade de Shangai,  Maxwell J. Crossley e seu orientado de doutorado  Peter J. Canfield da Universidade de Tecnologia de Sydney, com a colaboração de Iain M. Blake, Zheng-Li Cai, Ian J. Luck, Elmars Krausz e Rika Kobayashi, foi descrito um novo tipo de isomeria conformacional, denominada acamptisomeria (do inglês akamptisomers, inspirado na palavra grega que significa inflexible). Este tipo de isomeria ocorreu em derivados quinoxalinoporfirinícos, contendo uma ponte boro-oxigênio-boro (-N-BF-O-BF-N-), apresentando dois pares de enantiómeros que manifestaram relações estruturais não descritíveis pela nomenclatura e terminologia existente da IUPAC. Nestes compostos ocorreu uma interconversão diastereomérica térmica, com barreira de 104 ± 2 kJ mol-1, que os autores denominaram "isomerisomerização" compreendendo processos de interconversão conformacional em que ponte central (FB-O-BF) orienta os átomos de halogênio em oposição um ao outro, como ilustrado na Figura a seguir:
                            
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